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01 fevereiro 2010

Traição feminina cresce e a masculina cai

As casadas na faixa de 18 a 25 anos traem os maridos mais do que as mulheres de gerações anteriores.

De acordo com 8.200 entrevistas feitas em dez capitais brasileiras, praticamente metade delas (49,5%) revelou ter tido relações extraconjugais.

O percentual de traições entre as mulheres de 41 a 50 anos é de 34,7%. Das entrevistadas acima de 70 anos, 22% admitiram ter cometido em algum momento de sua vida o adultério.

A pesquisa faz parte do estudo Mosaico Brasil 2008, coordenado pela psiquiatra Carmila Abdo, do ProSex (Projeto Sexualidade) da USP.

Os homens continuam mais infiéis, mas o percentual deles vem caindo em comparação com o tempo de jovem da geração que hoje está com 70 anos [ver quadro], enquanto o número de adúlteras se mantém em alta.


Numa projeção, em alguns anos elas deverão empatar com os homens ou até superá-los.

A Isto é desta semana, que publicou os dados inéditos do Mosaico, ouviu algumas mulheres sobre as razões que a levaram à traição.

Uma das explicações mais frequente é a falta de atenção do companheiro."Fiquei carente e com quem vou conversar? Com o cara que eu via todo dia: passei a me relacionar com o dono do restaurante onde eu almoçava", disse uma delas.

Na avaliação do psicólogo Thiago de Almeida, que também pesquisa o assunto, a maior parte das traições das mulheres não é por desejo sexual, mas por envolvimento emocional com alguém quem convive e acaba tornando o seu amante.

Esse envolvimento ocorre com freqüência no ambiente de trabalho, onde as casadas têm amizade com homens com variadas personalidades. Trata-se de uma oportunidade para conhecer novas pessoas que as mulheres hoje com 70 anos não tiveram.

A revista conta o caso da diretora de marketing carioca Amanda (nome fictício). Diz ela: “Fiquei com um amigo que trabalhava comigo na festa de final de ano da empresa, em uma boate. Cheguei em casa e meu marido estava dormindo. Deitei ao seu lado e ele nunca desconfiou”.

De acordo com algumas pesquisas, estima-se que 60% das pessoas que trabalham no mesmo local tenham casos extraconjugais.

É uma taxa tão alta, que tem de ser vista com reserva.
Mas é por intermédio da internet que a traição se inicia com mais freqüência. Na maioria das vezes, tudo começa com um “tc” (teclagem) a partir de um assunto em comum entre a mulher e o homem, como genealogia, e em pouco tempo se cria condições para o contato físico, para o adultério.
"A internet é o primeiro passo da estrada para a traição", disse à revista o estudioso Ailton Amélio, da USP.Como no clássico de Gustave Flaubert, o “Madame Bovary”, cuja protagonista Emma trai o marido e se decepciona com os amantes (o fim é trágico), muitas mulheres (como os homens) que desfazem o casamento para ficar com o “novo e verdadeiro amor” se dão mal.

Esse foi o caso de Carla (nome fictício), que trocou o marido pela pessoa com quem vinha tendo relacionamento às escondidas. Hoje, solteira de novo, ela comenta: “Não conheço ninguém que, de amante, virou oficial e viveu feliz para sempre”.

O romance “Madame Bovary” foi escrito no século 19. Publicado em 1856, continua atual.

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