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10 julho 2009

Porquê Guebuza e não Mondlande?


A pura estupefacção surge dos clamorosos discursos políticos. Se estamos lembrados, na nossa curta memoria, dirigentes desta nossa pátria amada proclamaram, a bom som, que a magnifica ponte sobre o rio Zambeze 'era' da unidade nacional, isso depois de nos incutirem o ditame que acho, na modéstia intelectual, bastante válido: Mondlande é artífice da unidade. Suscitamente daí que surge a pergunta, do porquê a obscura incongruência, ter que se dominar a ponte da unidade nacional de Armando Guebuza ao invés de Eduardo Chivambo Mondlane? Mondlane em termos de figura, ultrapassa as raias do ''graxismo'' dos que se empoleiram ao actual chefe de estado. Isto para não ter que acreditar que tal nomenclatura foi a mando dele que, ainda por modéstia pedonal, não devia aceitar tal desfecho.

O que suscita polémica e o comentário que possam advir, de estamos perante a construção de um estado ao género do Togo, Gabão e Coreia do Norte.

Não seremos jamais apóstolos da desgraça ao apontarmos certa falta de idiossincrasia saudável perante os nossos altos dirigentes que, ao longo destes duros anos de formação de uma independência ''total'', quedam-se atreitos em exaltarem seus nomes na hasta pública, sem o firmamento de feitos substanciais.

Pura ironia, se se recordarem dos acontecimentos de Fevereiro aquando do motim derivado pelo aumento da tarifa dos transportes semi-colectivos de passageiros pela subida dos chapas, derivado da alta dos preços internacionais do crude em que uma escola com o nome do nosso respeitado chefe de estado que almejou um feito ímpar de levar os distritos a sua auto-suficiência com a politica dos sete milhões, foi parcialmente destruída pela fúria popular. Oxalá o mesmo não aconteça com a ponte da unidade nacional.

Não esqueçamos que este ano de 2009 é ano dedicado a Mondlane. Será que existe uma acefalia política? E já agora, não estarão os escovinhas do chefe a pensar em mudar o nome da Cahora Bassa para Emílio Guebuza?


Por Amini Nordine, In Jornal SAVANA, 10.07.2009 - Pág. 12 [Mais]

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