“O teu telemóvel começa a tocar insistentemente e imperiosamente. Olhas o visor sabendo que, não atendendo uma vez mais, vais magoar quem está do outro lado, ainda assim sentes-te incapaz de premir a tecla verde. E continua a tocar. Toca e toca, até que subitamente se cala, instantes depois ouves o toque de mensagem... Sentes-te incapaz de ler e, a tentação de a apagar sem ler é maior ainda, mas também disso és incapaz. Tens que ler, tens que saber o que a mensagem tem para te dizer. Adias o momento enquanto possível até que a curiosidade fala mais alto. A mensagem é a seguinte: “Na verdade não sei porque estou a ligar-te, sabia que não me atenderias, desculpa, não volto a incomodar-te!”. Era a mensagem que esperavas, porém não encontras a raiva ou a ironia que antecipaste, apenas resignação.
E, na verdade esperavas, que a pessoa esperasse... Que a pessoa soubesse, que tu voltarias a dar-lhe ouvidos. Mas é tarde demais, simplesmente não és capaz..”.
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