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18 abril 2006

ANTES NUNCA DO QUE TARDE

Não me desespero quando não recebo as respostas das perguntas que não fiz. Nem sempre estou preparado para escutá-las. A gente pergunta todo tempo mesmo sem usar as palavras. Tenho receio de gastar a linguagem e não sobrar para depois. Já disse verdades para pessoas erradas. Já disse erros para pessoas verdadeiras. Embaralhei tempos. Queimei etapas. Um diálogo que deveria ter sido travado agora já havia feito décadas antes no momento que não sentia. Quantas vezes me declarei sem pesar cada uma das expressões? A palavra é tão sedutora, que podemos empregá-la mesmo sem necessidade. Não ter necessidade é desperdiçar a própria força do que podemos dizer em seguida, com urgência. Eu cuido das palavras como quem sopra a comida. Não pode esfriar demais, nem adoecer o céu azulado dos lábios.

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