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15 março 2006

Nós e as Mulheres

Embora uma ou outra vez diga mal de algumas delas, se há coisa que eu goste é de mulheres.

Não no sentido da camarada, amiga e companheira prenhe de vida da qual ela é mãe, etc, etc.… ad nauseam. Uff!...

Porque isso não só é uma espécie de “conversa de ir ao cu” propositadamente inventada para valer a um sem número de tipos sem qualquer outro género de argumentação, como também é um dos principais trunfos de todos os que se querem delas aproveitar sem nada dar em troca (patrões, “abelhas-mestras”, partidos e um ou outro chulo mais politizado).

No fundo, uma mulher é alguém para quem nós fomos feitos e vice-versa; não passando tudo o resto de ociosas considerações, destinadas a nos fazerem perder o nosso precioso tempo (que como toda a gente sabe não estica, ao contrário de outras coisas).

É por isso que o “dia da mulher” é uma idiotice tão grande como o “dia dos cuidados intensivos”; que a ser comemorado daria um belo efeito. Pois quando chegasse a meia-noite, a organização desligaria todas as máquinas e monitores, deixando os pacientes a tentar descobrir que luz tão bonita era aquela de onde uma senhora lhes acenava.

Não sei como é ser mulher nem nunca o tentei ser. Acho porém que lá terá as suas vantagens e desvantagens tal como ser homem.

E se a maioria delas não pode ainda gozar a liberdade de morrer aos 45 anos de um enfarte, a comer uma secretária em cima de outra (o chamado “sanduíche administrativo”); nós nunca teremos a experiência da maternidade, sem a qual (julgo eu, que sou um tipo muito imaginativo), ficamos um pouco mais pobres a nível de sensações.

Não que eu seja um tipo assim tão sensitivo. Mas todas as mulheres que eu conheço saíram transformadas dessa experiência, com a excepção de uma ou duas vacas sem entranhas, que como é sobejamente conhecido servem apenas para estragar as estatísticas a um gajo.

Mas chega de maternidade. Um tipo que escreva sobre automóveis não vai passar o tempo todo a falar de mecânica.

Mulheres, há à dúzia” – É verdade, malta. Mas esta frase feita não passa disso, pois nenhum de vocês consegue entrar numa sapataria e calçar todos os números. O termo “como a forma para o seu sapato” diz-vos alguma coisa? Pois é verdade. Com a agravante de em caso de incompatibilidade serem previsíveis dores maiores que as de um simples joanete.

Mas o que eu penso mesmo é que isto das relações entre sexos diferentes é menos parecido com uma sapataria, e mais com as Nações Unidas. Uma pura questão de interesses comuns com uma base negociável.

Embora os acordos acabem por ser quebrados uma ou outra vez, ambos têm que ter algo que o outro queira. Quer seja o corpo, o olhar, o espírito inquieto, a disposição prazenteira para fazer judiarias ou pura e simplesmente aquele conforto material que dará tanto jeito para servir de ponto de partida para um outro acordo paralelo.

A diplomacia pode não ser já o que era. Mas é esta que se baseia no cortejamento e não o contrário; e este último, apesar da evolução social de séculos continua a ser o mesmo.

As mulheres que tiveram o estômago e a pachorra de ler até aqui, devem estar espantadas com a desfaçatez deste texto. Mas eu tenho acompanhado alguns blogues femininos, inclusive alguns colectivos. E constatei que quando se juntam em grupo, perdem o habitual recato e conseguem fazer sombra a qualquer grupo de montadores em cima de um andaime.

Porque bem lá no fundo e apesar das diferenças anatómicas, os homens e as mulheres não são assim tão diferentes nos seus interesses mais íntimos.

Dois conhecidos especialistas em cinética (Scheflen e Birdwhistell) afirmam que a importância das palavras para cativar um (a) possível parceiro (a) têm apenas 35% de importância no total do processo. O que atesta não ser este um post de “engate remoto”, mas apenas algo que me apetecia escrever desde o dia oito; acabando por o fazer agora porque não me lembrei de mais nada.

Para terminar (que ainda tenho mais coisas para fazer hoje) deixo-vos com algo que sem dúvida convidará à reflexão.

Quantos de vós já ouviram a famosa frase “por detrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”? Pois podem crer que é verdadeira. Mas se algum homem quiser ficar por detrás de uma grande mulher, sem dúvida que vai ter que se mexer bastante…



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