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09 julho 2007

Sexo e violência

Ao ganharem o poder de decidir com quais machos terão filhos e quais ficarão na prateleira, as gajas e todas fêmeas, no geral, assumiram o controle da evolução na maioria das espécies. E, para a psicologia evolutiva, é isso que determina aquilo que mais importa na vida: a propagação dos nossos genes, coisa também conhecida como vida afetiva e sexual.

O sexo, hoje, tem pouca relação com o acto de fazer filhos, todos nós sabemos. E, nenhum adolescente pensa em engravidar 10 gajas quando se vê na frente de 100 gajas disponíveis, durante o fim-de-semana na praia. Mas os genes dele não fazem ideia que existem camisinhas e tudo o mais, então deixam o rapaz com vontade de foder 10 gajas, pelo menos. Se tudo der certo, esses genes poderão instalar-se no útero de um monte de meninas e construir um monte de bebes (várias máquinas de sobrevivência novinhas em folha!).

Do ponto de vista das gajas e das fêmeas, no geral, a história é outra: foder com 10 tipos num feriado não vai "render" 10 filhos para os genes dela se instalarem. Vai dar é uma dor de cabeça fodida. Os contraceptivos poderiam deixá-las livres para foder só pelo prazer com um monte de gajos, como qualquer homem faz (ou tenta fazer). Mas não. O cérebro delas evoluiu para selecionar os melhores parceiros, ter poucos (e bons) filhos, não para tentar a sorte com qualquer um. Sem falar que, do tempo dos nossos ancestrais caçadores coletores até o século 20, sexo casual para elas era correr o risco de acabar com um bebe indesejado. Aí não tem ideologia liberal nem pílula que dê conta de superar esse "trauma" evolutivo.

Psicólogos, nos EUA, constataram isso com uma experiência simples. Contrataram homens e mulheres atraentes para abordar estudantes e dizerem: "Queres foder comigo, hoje?" Nenhuma mulher aceitou.

Já as gajas tiveram resultados melhores: 75% dos homens aceitaram o acto. Dos 25% restantes, a maioria pediu desculpas, explicando que tinha marcado de sair com a namorada. Pois é: do ponto de vista da seleção natural, uma bela fêmea disponível é um bem valioso demais para ser desperdiçado. Nenhum homem se surpreende com isso, mas para as mulheres a verdade da psicologia evolucionista pode soar assustadora: "O desejo de variedade sexual nos homens é insaciável. Quanto maior for o número de mulheres com quem um homem tiver relações, mais filhos ele terá [pelo menos é o que "pensam" os genes]. Então demais nunca é o bastante", escreveu outro expert do neodarwinismo, o psicólogo Steven Pinker.

Esse apetite todo também ajuda a explicar as raízes de outro comportamento ancestral: a violência. [...] E é aí que, para os neodarwinistas, fica mais clara a forma como os genes nos dominam.


Texto Adaptado da Revista Super Interessante em que uma ideia simples resolveu o mais complexo dos mistérios: o sentido da vida.

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