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08 dezembro 2006

Evite ser Corno

Agora ensino aos homens como evitar chifres, ou seja, como não serem cornos. Diz-se que todos nós já levamos chifradinhas (saibamos ou não...), mas não sou um especialista nessa desdita. E o texto é de amargar:

'As "mulheres modernas" têm um pique absurdo em relação ao sexo e, principalmente dos 30 aos 38 anos, elas querem fazer sexo todos os dias, e nem precisa dizer que se não for com você... Nem pense em provocar "ciuminhos" vãos. Como pude constatar, mulher insegura é uma máquina colocadora de chifres. "Quem não dá assistência, abre concorrência e perde a preferência". Assinado, Eu!

Que vou fazer? Sei que a cornologia é uma ciência respeitável. Conheço vários tipos famosos de chifrudos, como:
"Corno Pai Natal" — aquele que não vai embora por causa das crianças.
"Corno Asmático" — que chega em casa à dizer a mulher com tosse e assobio: ouvi falar do do "fulano"...
"Corno Cético" — que vê a mulher entrar no motel com o grande Ricardo e pensa: "O que me mata é essa dúvida... O que será que estão a fazer?"
E para terminar, claro, o magnífico "Corno churrasquinho" — aquele que põe a mão no fogo pela mulher...

O corno é um solitário. Ninguém tem pena dele; até os amigos ficam contentes quando surge um novo corno na praça. Dizem logo com sorriso na cara: "Antes ele do que eu", pensam, como nos velórios. O corno é objeto de riso. Quem sofre pelos chifres alheios? Uma boa infidelidade acaba com a onipotência de qualquer um. "Eu sou craque com mulher..." e paff!... lá vem o chifre, e o tipo cai na sarjeta mais próxima.

O corno sofre sozinho, com pena de si mesmo, e ainda por cima, depois de Freud, dizem que ele é culpado pelos próprios chifres. Ou, pior, que ele não passa de uma boneca enrustida que "desejava" a traição, por oblíquo amor ao Ricardão. E, se ele se recuperar rápido demais, causa desconfiança, por falta de hombridade. O corno compreensivo, progressista, é visto apenas como "manso".

Ao corno não adianta reclamar, pois o mal já foi feito: nada refará a virgindade conjugal perdida. Raramente, os cafajestes são cornos, ao contrário do que se pensa. Em geral, os bonzinhos é que dançam, pelo erro de dar garantias de vida à mulher. Mulher só ama o impalpável, e o cafajeste tem uma aura mitológica. Mulher detesta homem frágil, que pede ajuda. É chifre na certa (cartas feministas à redação...), o que lhe faz apaixonado pela mulher traidora. A dor da paixão é seu consolo. A mulher não é corna, a mulher até se consagra com a traição do homem — mártir e heroína de um amor perdido.

Hoje em dia, os homens estão em pânico com os chifres porque se sentem corneados na vida real do país. Somos cornos na política, com ministros, governadores, deputados e o presidente do país fazendo conosco o que ricardões executam com nossas mulheres. Com os corruptos se candidatando de novo, com os sanguessugas impunes, estamos com uma galhada florescente nas cabeças. Humilhados e ofendidos, e não temos a quem nos queixar.


Adaptado de Arnaldo Jabor

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